O que o professor percebe tanto da dedicação do aluno ao trabalho como dos próprios sentimentos dos alunos (de agrado, prazer..., ou apatia e desinteresse) influi, por sua vez, sobre a dedicação do professor e sobre o modo como ele trata os alunos.
Poderiamos nos perguntar quem educa quem. A influência é mútua. Se a classe "não corresponde", sentimo-nos menos motivados para dedicar esforços extras. Se apenas gritando conseguimos um pouco de ordem..., aprenderemos a gritar.
Os professores respondem mais aos alunos que desde o início mostram maior interesse, perguntam mais, mostram-se ativos. Ao contrário, a "passividade"do aluno fasz com que o professor se considere incompetente ou não se sinta do agrado dos alunos e, conseqüentemente, lhes dedique menos tempo, aplique mais pressões externas (mais coerção) e coloque menos ilusão em sua tarefa. Essa interação se dá em qualquer relação humana. Não devemos nos sentir "muito culpados" se essas coisas acontecerem, mas devemos tentar controlar nossos sentimentos e não responder ao desinteresse dos alunos com o nosso desinteresse.
Tratando precisamente da relação professor e aluno, considero de grande importância o fato de que os alunos possam estar nos educando, e não exatamente para bem. As aulas incômodas nos ensinam condutas pouco educativas, porque são as que não funcionam. A curto prazo e para viver em paz (objetivo, aliás, muito compreensível), podemos aprender a gritar, a manipular as provas e utilizá-las como forma de castigo, a não escutar... Estaremos de acordo em que, se essa "influência mútua e negativa" se dá, é o professor quem tem a responsabilidade de romper o "círculo vicioso" que possa se formar. Afinal de contas, superamos os alunos em idade, conhecimento e governo.
Morales, Pedro. A relação professor-aluno (o que é, como se faz), 1998, pág.63.